segunda-feira, 17 de outubro de 2011

(Des)Encontros de clássicas

Próximo passo – Elevar a qualidade.

O meu interesse pelas motas antigas e clássicas despertou verdadeiramente após ter assistido à excelente exposição “As Motos do Século, o Século das Motos”, realizada em Agosto de 2000 na Feira Internacional de Lisboa (Parque das Nações) e superiormente organizada por um especialista na matéria, Pedro Pinto. Esta exposição foi muito bem ilustrada pelo livro com o mesmo nome editado pela Parque Expo 98, que para além de contar a história da mota em Portugal, apresenta magníficas fotografias dos modelos expostos (para quando uma nova exposição deste tipo em Portugal?).


Folheto e livro da exposição “As Motos do Século, o Século das Motos” (FIL - Agosto de 2000)

As motas clássicas são veículos particularmente interessantes, já que aliam à componente estética e mecânica o seu inegável valor histórico e património cultural de uma época. Neste sentido, a aprovação da recente “Lei das Clássicas” é um contributo determinante para a preservação destes veículos no nosso país, através do seu reconhecimento como motociclos históricos e da posterior “legalização” (documentos) dos mesmos.


A SO4 é seguramente um dos ex-líbris das motorizadas de fabrico português

Apesar de, infelizmente, não possuir nenhum exemplar antigo ou clássico na garagem para fazer companhia à minha mais actual Honda VFR 800 Fi de 2001, nestes últimos anos tenho acompanhado mais de perto e com alguma regularidade diversas exposições e encontros de motas antigas e clássicas na zona da grande Lisboa, nomeadamente o Salão MotorClássico na FIL, a Automobilia Ibérica da Moita, o Passeio de Motas Antigas do Moto Clube de Sintra e o Encontro de Motas Antigas do Moto Clube do Pinhal Novo.

Nos encontros organizados pelos Moto Clubes, tenho verificado com satisfação que os restauros apresentados são, cada vez mais, de elevada qualidade, graças ao grande empenho e inv€stimento que os proprietários colocam nas suas motas, ajudados também pela evolução das técnicas e dos materiais de restauro disponíveis.


Coventry-Eagle G45a (1931)

Para além do ambiente descontraído e de grande convívio existente nestes eventos (que se saúda), verifica-se que as motas são normalmente separadas por grupos de acordo com os anos de fabrico (o que me parece uma boa ideia). Porém, em virtude de essa delimitação ser pouco perceptível, muitas vezes acaba por não se saber qual dos modelos corresponde a que década do século passado. Esta situação é ainda agravada pela falta de identificação das motas, algo que poderia ser facilmente ultrapassado com a colocação de uma pequena folha junto de cada exemplar, mencionando a marca, o modelo, o ano, a cilindrada, etc.


Em exposição

Com a correcta identificação de cada mota, as organizações prestariam uma melhor informação aos visitantes e teriam o seu trabalho mais facilitado ao nível das inscrições, evitando indicações incorrectas de marcas, modelos e anos de fabrico de alguns exemplares (como por vezes acontece quando estes são chamados para a entrega de prémios), demonstrando também algum excesso de “amadorismo” sobre o assunto. E já agora, que tal afixarem a lista de premiados no local para que todos os possam ficar a conhecer, e também para que os escolhidos possam preparar antecipadamente as suas motas para receberem o respectivo prémio? É que os modelos mais antigos demoram algum tempo até estarem prontos a andar...

Dada a escassez de informação disponível relacionada com as clássicas, as organizações poderiam aproveitar para partilhar experiências e conhecimentos, convidando restauradores e coleccionadores para pequenas palestras e “workshops” técnicos, com alguns conselhos e dicas sobre restauro (técnicas, materiais, etc.), especialmente para os mais novos. E como os encontros das clássicas têm normalmente associados um passeio para desentorpecer as rodas e tirar as teias de aranha das “velhas senhoras”, era igualmente interessante incluir uma pequena gincana para apreciar a agilidade e destreza de cada conjunto.

Por último, a “cereja no topo do bolo” seria os condutores destas magnificas máquinas trajarem à época, ou o mais aproximado possível, tal como já se faz no passeio de bicicletas antigas da Burinhosa ou no evento italiano sottocanna in circuito, por exemplo. Seria um verdadeiro regresso ao passado!


Evento italiano “sottocanna in circuito”

Espero que não levem a mal estes desabafos, e como acredito que se pode fazer mais e melhor em prol da qualidade, deixo estas pequenas sugestões que certamente agradariam a muitos dos entusiastas das antigas/clássicas que se deslocam a estes eventos, sejam eles um pouco mais especialistas ou simples curiosos como eu.

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